
você atravessa o mundo como uma bala para
aliviar a dor e se perde no vácuo, num lugar em
que ódio, amor, nada mais faz sentido...
o seu desespero se disfarça de felicidade
enquanto você se engana confortavelmente...
(como é confortante o auto-engano, não é
mesmo?!)
o seu desespero se disfarça de felicidade
enquanto as lágrimas escorrem e você se
pergunta o que há de errado... eu sei o que
está errado: o inferno está dentro de você,
dentro de todos nós... seja bem-vinda ao mundo
da dor, querida!
eu tenho uma solução para seus óvulos, para sua
loucura: amarre suas trompas, extermine a
humanidade, abençoe sua própria solidão e
procure pela Lua nessa noite de céu nublado...
tudo está contido nessa noite, nessa grande
metáfora, nessa infelicidade incrustada
nos ossos, nessa mentira que embolora nossas
bocas todos os dias...
adeus! eu vou embora e permanecerei vivo,
carregando uma lápide de quarenta quilos
sem nenhuma mensagem final...
sem nenhuma solução...
Hamilton Fernandes
©2009
foto de Michele Santarsiere --