quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

sonho durante a tempestade

Dormi durante a tempestade
E sonhei com garotas pálidas de salto alto...
Meu pênis tinha manchas azuladas
E ejaculava
Hipopótamos em miniatura
Cacos de vidro
Antigos bilhetes do metrô
Fetos que se assemelhavam a pequenos rins
Fumaça de cigarro
Moedas de cinza...
Até que um chinês montado em um rinoceronte interrompeu meu sonho para me revelar a Grande e Última Verdade... e eu imediatamente a esqueci...

Observação: O sono da Medusa foi interrompido por cavalos pisoteando guitarras elétricas

Hamilton Fernandes
‡2010---

domingo, 14 de novembro de 2010

Trânsito

É aquela sensação de querer pisar no acelerador. Não basta conseguir ouvir o ronco do motor. Você precisa realmente enfiar o pé no acelerador e injetar gasolina suficiente no motor para arremessar uma tonelada de metal e plástico sobre a traseira do veículo da frente. Enfim, é tudo o que um ser humano com o mínimo de bom senso pode desejar depois de passar quase cinco horas enfurnado em seu carro estacionado em um congestionamento anônimo, em uma avenida qualquer de uma dessas megalópoles que já possuem uma rádio especializada em informar, de minuto em minuto, que o congestionamento de veículos há muito tempo extrapolou a paciência do mais sábio mestre budista.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Atualizações de célebres poemas brasileiros



O modo de produção é novo, mas na prática o tratamento é igual. Castro Alves só precisaria mudar o título de Navio Negreiro para Metrô Negreiro.

Navio Negreiro

Castro Alves



I

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.

'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................

Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.


II


Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.

Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!

O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!

Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...


III


Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!


IV


Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...


V


Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .

São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...

Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...


VI


Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

sábado, 24 de julho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Baseado em fatos reais

O cara está bem próximo da aposentadoria. Do alto de seus 60 anos, ele se sente terrivelmente sozinho, está viúvo há uns cinco anos, não tem filhos e, de repente, num momento agudo de sua solidão, decide tomar uns drinks num puteiro.

Lá ele conhece Janaína. A mulher é uma verdadeira deusa da Foda, um rabo do tamanho do mundo, pernas de um metro e meio, salto alto, e o rostinho... o rostinho de um anjo, olhos azuis de vidro. O nosso amigo, o ancião, em menos de dois meses está completamente alucinado – Deus (ou diabo) lhe enviou essa mulher, é ela, é ela... a mulher com quem ele passará os poucos anos que lhe restam nesse planeta!

Seis meses depois e ele continua a frequentar o trabalho de Janaína, toma seus drinks diariamente enquanto espera a namoradinha encerrar o expediente e ir pra casa dele com a boceta encharcada de porra.

Um ano se passa. Jonas, esse é o nome do nosso ancião, foi morar com Janaína no Paraná. Ela prometeu “largar a vida noturna” e agora eles moram na mesma casa com dois filhos da puta, frutos do passado amoroso de Janaína: João, seis anos de idade, e Marcos, 17, garoto precoce que também já tem um bebê de um ano de idade. Adivinha quem está pagando a conta? Tudo bem, tudo bem, Jonas, vamos lá... dinheiro não é tudo nessa vida... afinal ela é uma mulher tão boa, as coisas que ela sussurra no seu ouvido naqueles momentos tão especiais... mas Jonas ainda não está contente e, depois de alguns meses de boa lábia Janaínica, decide registrar o pequeno João como seu filho, o pobre bastardinho...

Mais um ano se passa... Para agradar a mulher, Jonas compra uma casa nova, bem maior, e coloca o nome de Janaína nas escrituras... O tempo vai passando e, aos poucos, as coisas começam a azedar – Janaína já não passa mais as noites em casa, sai para “beber com as amigas”, o demônio do ciúme começa a roer as entranhas de Jonas, as brigas tornam-se constantes, “não dá mais, Jonas, você é muito ciumento... eu não posso mais viver com você... acho melhor você voltar para São Paulo...”.

Hoje Jonas, nosso amigo solitário, mora em São Paulo, na periferia de Garulhos, aluga um quarto numa pensão fétida e sobrevive com o que resta da aposentadoria depois de pagar a pensão do Joãozinho e mandar sua “ajuda de custo” para Janaína e o netinho, afinal, como ela disse na última vez que eles conversaram por telefone: “a vida está tão difícil aqui no Paraná”.

II

Você quer impressionar sua nova namorada. Ela é do tipo intelectual – adora teatro do absurdo, cinema europeu, rock alternativo, leu meia dúzia de livros, enfim, você a convida para ir a uma peça do Zé Celso. Sexta-feira à noite, está tudo indo muito bem, vocês estão na primeira fileira, aquela porra-louquice toda, gente pelada no palco, tudo muito profundo e poético, até que um dos atores desce do palco e decide interagir com a plateia. O problema é que ele decide interagir com sua nova namorada. Pergunta se pode beijá-la na boca, ela sorri condescendente e smack! A galera aplaude, “Nossa! as peças do Zé Celso estão cada vez mais ousadas”, um jovem de óculos de aros grossos pensa lá na última fileira...

A peça termina e você, puto da vida, pede explicações para a nova namorada.

– Não enche meu saco! Não tem nada a ver... – ela diz irritada.

– Porra, como assim? O cara meteu a língua na tua boca na minha frente, caralho! Eu vou embora, tchau, vai tomar no cu!

No dia seguinte, ela liga esbravejando, alternando choros e indignação por você tratá-la daquela maneira, “todo mundo ficou olhando”, ela se sente humilhada, “você não tinha o direito de fazer aquilo”, snif, snif, buááá! Na semana seguinte você a encontra, pede desculpas e, para acalmar a situação e continuar obtendo o costumeiro serviço sexual, leva-a para jantar numa cantina italiana. Ela continua “indignada”, responde às suas perguntas com, no máximo, duas ou três palavras. “Pode deixar que eu pago a conta”, você diz enquanto limpa o molho de macarrão do canto da boca e, por um instante, você tem a leve sensação, uma sensação bem leve de que você é um otário.

III


(...)


Thomas Vinilla
©2010



quarta-feira, 26 de maio de 2010

Música de gorno

Diferente da filosofia pagodeira nos leva a crer, falar sobre relacionamentos humanos não é tão fútil ou inútil. É aquele microcosmo que incide diretamente no macrocosmo. A porra da Guerra de Tróia não me deixa mentir. Começou com um sujeito se sentindo um gorno e terminou em uma das maiores batalhas da Grécia e da humanidade. Obviamente, romantizar um pé na bunda e transformar e centralizar isso como prioridade é uma escrotice sem tamanho; na melhor das hipóteses. Na pior, bem...sempre temos um Lindenberg para mostrar o lado negro da cultura popular. Mas como nenhum tema, por mais clichê que possa soar, é imune a uma abordagem criativa e fora do senso comum, mesmo os gorninhos podem render boas manifestações artísticas. Vão dois exemplos aí abaixo:

http://www.youtube.com/results?search_query=no+way+pain+of+salvation&aq=f

There is no way that you can love her like I do.
Oh no, there is no way - I see through you.
'Cause when I hold her in the night,
All that is wrong will become right.
And I know that she feels it, too,
'Cause no-one loves her like I do.

There is no way that you could know her like I do.
Oh no, there is now way you'll ever do.
She is a flower of the wild,
Oh, and I have seen her from her darkest side.
She is a twisted little ride,
And you will never know her like I do.

But still I'm crying, feels like bleeding from two self-inflicted wounds.
Young and helpless, treading water in a cesspool of maroon.
Feels like dying, feels like dying... But I'll live!
But I'll live!
But I'll live!
But I'll live!

There is now way that you could touch her like I do.
Oh no, she thinks of me when she's with you.
She wants it gently like a child,
But play her right and she goes wild.
But one step wrong and she will hide.
And you will never touch her like I do.

There is now way that you can fuck her like I can.
Oh no, you're simply not that kind of man.
'Cause sometime when she's screaming no,
She really wants for you to go, go, go.
But you can never ask her why,
No, then she will close up and deny.

But still I'm bleeding this old road salt from my self-inflicted eyes.
Slowly scarring and corroding, to thaw this young heart of ice.
And I'm kneeling, yes I'm kneeling... But I'll live!
But I'll live!
But I'll live!
But I'll live!

I can see how you would need her to spice up your grind.
I can see why she moves you - knocks you out of orbit and mind.
And I can see how you need her to save you from yourself.
Unmeshing you from your grid, to dust you off on your shelf.

But I can't see why she needs you.
No.
I can't see that at all.
You'd have something that I don't?
Would that be possible?
Would that be possible?
Would that be possible?
Would that be possible?

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http://www.youtube.com/watch?v=rEcPHrN5GKE
Your Chosen Misery

When the ones you love have let you down
Feel failure and wear the fool's crown
Remember still there is a blessing
Within the hardest lesson

You self serving arrogant sycophant
Your selfish acts thoughtless tasks and livid rants
Every time you want to make the world go away
Just take an injection of your chosen misery

And when I fall
I have the strength to learn the steps
And crawl into the pain
Sometimes the mirror is cruel
If your mother gave the lesson
Never waste the truth

You self serving arrogant sycophant
Your selfish acts thoughtless tasks and livid rants
Every time you want to make the world go away
Just take an injection of your chosen misery

Yesterday was plagued with rain
Like seven drops of velvet pain
Hail yesterday
Thursday was the day of sin
Friday silent hell began
Hail yesterday

Saturday was plagued with rain - I played the jester perfectly, hail yesterday
Sunday never came to mind - I played the jester perfectly when misery delivered me
Monday's afterthought was blind - I played the jester perfectly, hail yesterday
Tuesday stole the show - I played the jester perfectly when misery delivered me

Hail yesterday
Hail yesterday

Tuesday stole the show when Wednesday killed the golden crow
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Por isso, nem mesmo passar um tempo com uma biscate é de todo inútil, a vaca pode lhe render inspiração para algo produtivo. Claro que isso pode não acontecer, nesse caso, jogue fexes na porta e nas janelas da casa dela durante a madrugada.
PS: "Não se preocupe, você terá outras mulheres e elas também irão te deixar" - Charles Bukowski

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Resposta a um ego perdido em si mesmo...

Se entrarem nesse link, verão um retrato lamentável do que é o jornalismo atual. Na ânsia pela fama, jornalistas querem se tornar notícia. Para tanto, enquanto o ridículo menos instruído pendura a famosa melancia no pescoço, o jornalista querendo dar aquele halo intelectual de seu ofício, tenta fundamentar argumentos tão ridículos quanto a própria melancia no pescoço. Os debilóides e acéfalos mais desavisados, entre eles, infelizmente muitos estudantes, se jogam de amores por alguém "polêmico".
É um pragmatismo oportunista. Não interessa a notícia, nem se os argumento são verossímeis; o que interessa é ser polêmico, ganhar holofotes e ter a fama de um não anônimo ou celebridade, tanto faz. Desrespeito, mau gosto, ofensas e ignorância sobre o tema abordado se tornam apenas ossos do ofício. O ego e a instantaneidade são o único objetivo.
Por fim, em um português direto: ego de jornalista é uma desgraça; fala sobre o livro como se fosse o autor, cobre show como se fosse líder da banda e se porta em festas como se fosse o anfitrião. Na impossibilidade se sobrepujar a figura indefectível de Dio em seu adeus, só sobra buscar holofotes tentando ser "polêmico". Mas no final das contas, falou como se estivesse criticando um desafeto em uma mesa de boteco. Lamentável.


Long live rock n roll, long live Dio!!!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

design de cu é rola

obs: fotografia adulterada no paint brush

terça-feira, 20 de abril de 2010

Crítica ácida às metrópoles



A editora Panini traz um belo presente este mês para fãs de quadrinhos adeptos das temáticas mais adultas da Vertigo, divisão da DC Comics. Trata-se de uma versão encadernada reunindo as seis primeiras edições de Transmetropolitan - De Volta às Ruas (148 págs; R$ 45,00), escrita pelo britânico Warren Ellis e ilustrada pelo americano Darick Robertson.

Transmetropolitan tem como protagonista o jornalista Spider Jerusalém. Ele é um sujeito desagradável, rude, viciado em drogas e tendendo ao perigoso, mas quando ele escreve, tem o dom de encontrar a verdade, por mais que se esforcem para escondê-la.

Tudo começa com o anti-herói refugiado e recluso da humanidade em uma cabana nas montanhas. Ele saiu da Cidade – esse é o nome da metrópole – por começar a se sentir contaminado. Entretanto, por contrato, o jornalista deve mais alguns trabalhos para seu editor, a quem ele chama carinhosamente de "o grande cafetão". Eis que surge o paradoxo, pois Spider Jerusalém só consegue escrever no calor dos acontecimentos. Logo, o jeito é voltar para o centro urbano.

Hunter Thompson em Blade Runner

A Cidade é um palco alegórico e futurista, onde todas as neuroses das grandes metrópoles contemporâneas são elevadas de forma exponencial. Informações trafegam em nuvens, em quantidades vertiginosas, e os alimentos são feitos por sintetizadores mafiosos junkies.

No centro dessa confusão é que retorna Spider Jerusalém, um nome que faz os poderosos e até mesmo o presidente dos EUA perderem o controle de suas funções fisiológicas. Ele é esperto, tem conhecimento, é insubornável e assustadoramente subversivo para ser ignorado. Uma espécie de Hunter Thompson em Blade Runner.

É nesse contexto em que o escritor Warren Ellis, famoso por seus textos ácidos e certeiros, usará seu personagem – parecido demais com seu criador, aliás – para chutar o balde no que se refere à política, movimentos sociais, segregação racial, religião e consumismo. Tudo encaixado em um cenário onde reina o absurdo, mas aquele absurdo bem conhecido para quem vive em grandes metrópoles. Essa ambientação destaca principalmente o trabalho minucioso e expressivo do desenhista Darick Robertson.

Essas mesmas seis edições já haviam sido lançadas em português anteriormente, mas por duas editoras diferentes. Além disso, achar os três números iniciais era uma tarefa próxima do impossível. Vale lembrar que colecionar HQs no Brasil não é um hobby fácil. Descontinuidade, cancelamentos e mudanças de editoras são fatores que levam os leitores a arrancarem seus cabelos e ir adquirindo em doses homeopáticas o que sai por aqui de seus personagens favoritos. Quanto mais underground o título, pior fica.

http://br.noticias.yahoo.com/s/20042010/11/entretenimento-hq-critica-acida-metropoles.html

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Capitalismo por Michael Moore



Apesar de George W. Bush ter ido embora, Michael Moore está de volta, provando que sua produção não se resumia em uma perseguição pessoal contra o ex-presidente dos EUA. De certa forma, ao descentralizar seu alvo, o documentarista conseguiu criar uma crítica mais universal e mais mordaz sobre as injustiças sociais, como se observa em seu novo filme: Capitalismo: Uma História de Amor.
O filme estreia neste sábado (02/04) nos cinemas brasileiros, fazendo parte do festival de documentários É Tudo Verdade. Quem abriga a projeção é o Espaço Unibanco a partir das 19h.
Alvo maior
A história de amor, a qual se refere Moore, se dá entre a iniciativa privada, no caso os grandes conglomerados e os tubarões de Wall Street, e o governo americano, baseado em exemplos de promíscuas trocas de favores.
E não apenas os republicanos sofrem nas mãos de Moore, pois o diretor não poupa o público ao revelar uma verdadeira sucursal de Wall Street na Secretaria do Tesouro na administração Clinton. Isso sem falar na misteriosa adesão relâmpago dos senadores do partido, durante a polêmica aprovação do pacote de ajuda às empresas quebradas durante a crise econômica de 2008, contrariando a vontade popular.
Mas é impossível para os republicanos escaparem, já que a administração Reagan sofre uma verdadeira dissecação no filme, ao caracterizar o poder público como um artifício da vontade do capital.
Para quem sobra?
O mais importante aspecto do filme é mostrar que todo o ônus dessas artimanhas sobra para as massas, o povo, o americano médio. Desde os que hipotecaram suas casas convencidos por uma jogada bancária, transformados em novos sem-tetos, até famílias cujos parentes mortos aumentaram algumas cifras na receita das companhias em que trabalhavam. A coisa extrapola o absurdo quando alguns relatórios indicam que determinado empregado vale mais morto do que vivo.
A equação geral é: administração pública somada ao interesse privada pontecializada com forte propaganda institucional é igual a miséria da classe trabalhadora. E o pior, uma classe tão engasgada com uma ideia irreal do sonho americano e impossibilitada de sentir as mãos lépidas em seus bolsos.
Artifícios
Tecnicamente, o formato de Capitalismo segue semelhante aos dos filmes anteriores de Moore. Há muita coisa gravada in loco e dialogando o tempo todo com cenas arquivadas que receberam uma narração atual. A ironia reina o tempo todo, ainda que haja espaço para cenas dramáticas de teor bem mais sério. Algumas verdadeiramente comoventes.
No mais, é um filme digno de ser visto, concorde o espectador com Moore ou não. É um discurso muito bem construído e argumentado, cuja alguma crítica só poderá ser contundente com igual nível.
Portanto, simpatizar ou não com Moore é irrelevante e não se torna motivo para diminuir o valor do filme. Ou como disse Voltaire: "Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo".

quarta-feira, 31 de março de 2010

Diplomacia à lá Conan



Será que Barack o Barbáro dará uma lição aos Orcs brasilóides depois do aumento de tarifas sobre produtos americanos? Não perca no próximo número!

terça-feira, 9 de março de 2010

Uma réplica em 31 segundos

Não seja um sujeito demasiado exigente com nossos eventuais visitantes, Sr. Vinilla. O senhor precisa entender que somos a lacuna no ciberespaço, aquela peça que nunca se encaixa. Nossos convidados anônimos e informais gastam 31 segundos em uma expectativa frenética e catártica visando à manutenção de funções biológicas imediatas, do tipo censurada pelos códigos e abstrações sociais. Em 31 segundos eles procuram um simulacro opcional para um parceiro e uma companhia para dividir e gastar seu excesso de libido. Dão forma a seus excessos negados no poço de desejos aleatório e randômico conhecido como Google. Quando pensam estar prestes a testemunharem uma "Orgia Anal" sob encomenda, com muita dor e uma atuação de algo não consensual, frustramos a grande expectativa com pensamentos e reflexões que pouco estão de acordo com seu estado de espírito bestial e animalesco. Dessa maneira, somos um grande balde de água fria virtual, uma fraude ao prazer e alívio rápido, charlatões da pior espécie distorcendo a boa índole das orgias anais, a lacuna nas coisas e a peça que nunca se encaixa...


Oh, bela Stoya, sempre obtendo êxito onde persistimos em falhar com nossos convidados...



31 segundos


Levando em conta que o relatório semanal do google diagnosticou que os visitantes do Analorgia gastam, em média, 31 segundos para ler(?) os textos aqui publicados, preparei algo especial para vocês -- vejam só:

Almoçamos em Vênus e um elefante defecou no meu prato...

A foto acima é de uma "atriz exótica" chamada Stoya. Ela é ótima, melhor que a Sandra Bullock, Paulo Coelho, o NX Zero, o Coldplay, quem mais?, estou chutando cachorro morto... Já se foram os 31 segundos? ok! você já pode fechar essa página e publicar alguma coisa interessante no twitter... até mais e obrigado pela visita...(Sim, ando me drogando/sonhando demais, amém!)

Thomas Vinilla

segunda-feira, 1 de março de 2010

Plágios de tradução

Na semana passada, a tradutora Denise Bottmann publicou em seu blog não gosto de plágio a notícia de que estava sendo novamente alvo de uma ação judicial, movida por uma das muitas editoras acusadas por ela de publicarem traduções plagiadas de obras literárias.

Há quase três anos, Denise tem divulgado em seu blog casos de edições que se apropriam indevidamente de antigas traduções já publicadas e as utilizam sem citar o nome do tradutor, substituídos por nomes fictícios ou de alguém que nada teve a ver com o trabalho de tradução.

Todas as denúncias são feitas por ela de maneira minuciosa, apresentando trechos da obra plagiada e da obra plagiária. Este trabalho há muito tem incomodado as editoras acusadas. A Martin Claret, em cujo catálogo Denise já descobriu 49 obras com traduções plagiadas, foi a primeira a entrar na Justiça contra a tradutora. Atualmente, a Martin Claret é alvo de um inquérito aberto pelo Ministério Público Estadual por violação de direitos autorais.

Agora, a editora Landmark, que Denise acusa de publicar traduções plagiadas de duas obras literárias, move uma ação por calúnia contra ela. A editora exige indenização por danos morais, que o processo corra em sigilo de justiça (o que foi indeferido pelo juiz) e também pede que o blog da tradutora seja fechado definitivamente.

Por conta disto, quatro grandes tradutores (Heloisa Jahn, Jorio Dauster, Ivo Barroso e Ivone C Benedetti) se uniram para redigir um manifesto de apoio à Denise. Quem quiser aderir, pode assinar o abaixo-assinado.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Quatro evoluções do ser

NASCIMENTO

ORGULHO

SABEDORIA

MORTE

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Contemplação [introspecção]

Por alguma razão EU estou preso,
preso em um lugar fora e longe de você,
em uma bifurcação instransponível,
alguém que parece você me chama de ovelha no caminho da direita,
outro que também se parece com você ME chama de adversário no caminho da esquerda,
EU paro, e assim permaneço,
um corvo paira sobre a divisão dos caminhos,
voando em círculos, adentrando esquerda e direita,
espelhando ambos como insignificantes,
voa em frente pela direita, e a faz esquerda quando volta,
adversário e ovelha são um só,
fundidos na rubro e vertical olhar do pássaro,
um anão ME alcança na bifurcação,
vê MEUS pés atarracados na terra,
e a MIM parado olhando para o grupamento de árvores que divide a passagem,
ele se equilibra nas pontas dos pés e puxa MINHA camisa,
EU olho para baixo e vejo a palma de sua mão direita estendida,
ele me cobra sua porcentagem sobre os MEUS fracassos,
por que EU lhe daria qualquer coisa, mesmo uma parte de MEUS fracassos?
o pronome MEU pressiona minha cabeça, o suficiente para calar outras palavras,
calar MEUS sentidos, calar MINHA percepção, e MINHA empatia,
mando-o colher seus próprios fracassos,
ele balança a cabeça de um lado para o outro,
adentra as pequenas brechas entre as árvores,
quando não consigo mais vê-lo, ele me faz uma pergunta,
não ouço sua voz, não há som, mas a pergunta está cravada para todo lugar,
“Quando eu morrer no meio da floresta, o fracasso será meu por morrer, da floresta por me não me aceitar e me deixar morrer, ou SEU por não conseguir responder a pergunta?”,

EU vislumbro a ovelha e o adversário, eles me olham diretamente,
o corvo está longe, o anão se foi,
eu cuspo duas moedas de ouro no chão, e as enterro,
uma a MINHA esquerda e outra a MINHA direita,
sento e fecho meus olhos, e possivelmente não mais os abrirei,
não até a ovelha, o adversário, a estrada, a bifurcação, a floresta e EU sumirmos,
quando EU sumir, somem também MEUS fracassos, somem MEUS e EUS
só então haverá ação, uma ação baseada no estático,
os corpos param e os espíritos dançam,
há luz, há som, há tremores,
mas apenas onde não há nada

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Minha vida não vale uma canção folk\ Da série entidades que nunca irão te decepcionar:

Darkthrone (Fenriz & Noturno Culto), Bob Dylan, seu cachorro, coca cola na ressaca,
a transitoriedade de tudo, Neil Gaiman, filme bom de madrugada, justiça poética, recados em rótulos de cerveja, sua estupidez, magia,
pizza de manhã, cadernos antigos, a limitação da classe dominante, a babaquice do fugaz espetáculo da realidade, a aleatoriedade dos fatos,
a futilidade de quem se considera importante, o valor de quem se considera um micróbio da criação, a beleza na pilha de esterco,
o mau cheiro da vaidade, contestadores, gente que acha defeito em tudo, a conveniência dos inconvenientes, o desprezo dos felinos,
a queda dos impérios, o caos que começa na ação individual, a excitação na subversão e na desordem, aquele cara cego que toca violão na rua

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Haiti é aqui

Apesar de odiar entrevistar populares nos famosos "fala povo", a repórter sabia que uma meia dúzia de micos era necessária para galgar alguns degraus na emissora. Podia não ser garantido como um teste do sofá, mas a gente tenta com o que a gente tem.
Toda vez que se lembrava do termo "povo", cognitivamente a imagem que vinha era de uma fila de repartição pública, como se os presentes estivessem ali por uma função inerente à natureza de "povo". Assim que o carro da emissora passou na frente de uma UBS, ela pediu para parar. A fila estava ali, esplendorosamente medíocre, boa como qualquer outra, então vamos acabar logo com isso!
Viu aquele velinho que consegue extrair simpatia até de jogadores inveterados de golfe, apontou para ele, pediu a montagem do equipamento, e na contagem do cameraman, 3, 2, 1:
"Bom dia, o que o senhor acha da tragédia no Haiti e da postura do governo brasileiro diante dela?", perguntou, pensando que se conseguisse uma fala boa daquele velinho poderia descartar a chatice de falar com outras manifestações do povo. O que não esperava, foi a resposta do velinho simpático.
"Nada. Eu tenho câncer e sou atendido pelo SUS".
Imediatamente ela pede para a equipe descartar o material, pois "isso não estava na pauta".
...
A falta de imaginação e o pragmatismo da repórter, ávida por uma promoção, com ou sem boquetes, descartou um bom material.

"Uma enorme tela de vídeo mostrando cenas de um filme pornográfico causou engarrafamento nas ruas do centro de Moscou na noite desta quinta-feira (14/01), quando motoristas chocados pisaram nos freios para olhar as imagens de corpos nus.
O dono da tela de publicidade, que está no alto de uma via importante a cerca de 2 km do Kremlin, afirmou à agência de notícias RIA que hackers invadiram o sistema que controla o cartaz eletrônico e inseriram as imagens do filme.
'Eles agiram por vandalismo ou eram de uma empresa rival', afirmou à RIA Viktor Laptev, diretor comercial da empresa de filmes publicitários Panno.ru.", dizia a notícia

Podem me chamar de pervertido, mas eu pensei em outro tipo de pornografia. Quer dizer, sexo explícito é banal, qualquer um com acesso a web pode ver uma trepada de uma anã com um jumento a hora que quiser. O que deveria ficar repetindo durante horas em outdoors na Avenida Paulista seria um tipo de material que causasse repúdio, vergonha e que ao mesmo tempo fosse inevitavelmente hipnótico, que não desse nenhuma chance de parar de olhá-lo. Que resgatasse uma culpa quase primordial incrustada na consciência de todos aqueles motoristas na hora do rush, que os fizesse se sentir com crianças vulneráveis frente a um perigo impassível. Algo como:
"Bom dia, o que o senhor acha da tragédia no Haiti e da postura do governo brasileiro diante dela?"
"Nada. Eu tenho câncer e sou atendido pelo SUS".