sexta-feira, 18 de junho de 2010

Baseado em fatos reais

O cara está bem próximo da aposentadoria. Do alto de seus 60 anos, ele se sente terrivelmente sozinho, está viúvo há uns cinco anos, não tem filhos e, de repente, num momento agudo de sua solidão, decide tomar uns drinks num puteiro.

Lá ele conhece Janaína. A mulher é uma verdadeira deusa da Foda, um rabo do tamanho do mundo, pernas de um metro e meio, salto alto, e o rostinho... o rostinho de um anjo, olhos azuis de vidro. O nosso amigo, o ancião, em menos de dois meses está completamente alucinado – Deus (ou diabo) lhe enviou essa mulher, é ela, é ela... a mulher com quem ele passará os poucos anos que lhe restam nesse planeta!

Seis meses depois e ele continua a frequentar o trabalho de Janaína, toma seus drinks diariamente enquanto espera a namoradinha encerrar o expediente e ir pra casa dele com a boceta encharcada de porra.

Um ano se passa. Jonas, esse é o nome do nosso ancião, foi morar com Janaína no Paraná. Ela prometeu “largar a vida noturna” e agora eles moram na mesma casa com dois filhos da puta, frutos do passado amoroso de Janaína: João, seis anos de idade, e Marcos, 17, garoto precoce que também já tem um bebê de um ano de idade. Adivinha quem está pagando a conta? Tudo bem, tudo bem, Jonas, vamos lá... dinheiro não é tudo nessa vida... afinal ela é uma mulher tão boa, as coisas que ela sussurra no seu ouvido naqueles momentos tão especiais... mas Jonas ainda não está contente e, depois de alguns meses de boa lábia Janaínica, decide registrar o pequeno João como seu filho, o pobre bastardinho...

Mais um ano se passa... Para agradar a mulher, Jonas compra uma casa nova, bem maior, e coloca o nome de Janaína nas escrituras... O tempo vai passando e, aos poucos, as coisas começam a azedar – Janaína já não passa mais as noites em casa, sai para “beber com as amigas”, o demônio do ciúme começa a roer as entranhas de Jonas, as brigas tornam-se constantes, “não dá mais, Jonas, você é muito ciumento... eu não posso mais viver com você... acho melhor você voltar para São Paulo...”.

Hoje Jonas, nosso amigo solitário, mora em São Paulo, na periferia de Garulhos, aluga um quarto numa pensão fétida e sobrevive com o que resta da aposentadoria depois de pagar a pensão do Joãozinho e mandar sua “ajuda de custo” para Janaína e o netinho, afinal, como ela disse na última vez que eles conversaram por telefone: “a vida está tão difícil aqui no Paraná”.

II

Você quer impressionar sua nova namorada. Ela é do tipo intelectual – adora teatro do absurdo, cinema europeu, rock alternativo, leu meia dúzia de livros, enfim, você a convida para ir a uma peça do Zé Celso. Sexta-feira à noite, está tudo indo muito bem, vocês estão na primeira fileira, aquela porra-louquice toda, gente pelada no palco, tudo muito profundo e poético, até que um dos atores desce do palco e decide interagir com a plateia. O problema é que ele decide interagir com sua nova namorada. Pergunta se pode beijá-la na boca, ela sorri condescendente e smack! A galera aplaude, “Nossa! as peças do Zé Celso estão cada vez mais ousadas”, um jovem de óculos de aros grossos pensa lá na última fileira...

A peça termina e você, puto da vida, pede explicações para a nova namorada.

– Não enche meu saco! Não tem nada a ver... – ela diz irritada.

– Porra, como assim? O cara meteu a língua na tua boca na minha frente, caralho! Eu vou embora, tchau, vai tomar no cu!

No dia seguinte, ela liga esbravejando, alternando choros e indignação por você tratá-la daquela maneira, “todo mundo ficou olhando”, ela se sente humilhada, “você não tinha o direito de fazer aquilo”, snif, snif, buááá! Na semana seguinte você a encontra, pede desculpas e, para acalmar a situação e continuar obtendo o costumeiro serviço sexual, leva-a para jantar numa cantina italiana. Ela continua “indignada”, responde às suas perguntas com, no máximo, duas ou três palavras. “Pode deixar que eu pago a conta”, você diz enquanto limpa o molho de macarrão do canto da boca e, por um instante, você tem a leve sensação, uma sensação bem leve de que você é um otário.

III


(...)


Thomas Vinilla
©2010



5 comentários:

Luis Vieira disse...

PUTA QUE PARIU, ARROMBAD!!!BOTOU PRA FODER!!!

Vinícius Machado disse...

O melhor comentário é...sem comentários!

Caricaturas Urbanoides disse...

Gostei do teu blog. Vou acompanha-lo.

Groselharias disse...

Caralho maluko, foda! a parte II é tensa...pesada demais. curtí!

vezzoni disse...

Meu amigo, sinto que temos raciocínio parecido no sentido de escrever as porras e tal, eu e o grupo do meu blog curtimos muito isso aqui... bom, pra divulgar e pá, aqui o link do café puro (o blog), dá uma lida e ve que vc acha. abrass

http://ocafepuro.blogspot.com.br/