sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Caro Sr. Genésio,

Pelo presente instrumento venho aqui requisitá-lo a respeito de nossa jornada alcoólica na Rua Augusta às 23:00h desta sexta-feira, mesmo sabendo que a outorgante defecou nas nuvens de Urano e a frase precedente não faz sentido nenhum.

Ainda assim, gostaria de questionar-lhe sobre a contradição entre o conceito de liberdade exposto no inciso do caralho a quatro do artigo da puta que pariu o mundo, parágrafo 7.333.000.012, e o período que antecede a menstruação das senhoritas, e nossa própria parvoíce.

Não obstante a inexistência de Deus, e a lei intergaláctica que nos permite ir e vir a qualquer espaço-tempo desse universo absurdo, escolhemos, por livre e espontânea vontade, baseados em carnes vaginais, grilhões para o corpo e espírito.

Aduze-se ainda que falta um pouco de luz para a humanidade. As genitálias de nossa jurisprudência estão morrendo com as doenças de Vênus. É necessário retroagir.

Nada mais,

Thomas Vinilla

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

The Anvil was Forged In Fire





O documentário começa com pompa: Lars Ulrich (Metallica), Scoot Ian (Anthrax) e ninguém menos que Lemmy (na boa, se você não sabe onde o Lemmy toca pode parar de ler essa merda agora) rasgam elogios ao Anvil, um dos grandes expoentes do heavy metal na década de 80. Dizem o quanto o Anvil era bom, inovador e absurdamente pesado na época, e como influenciou quase tudo que se fez sob o nome metal de lá para cá. E a pompa acaba por aí, nada mais de utopia do showbizz, vidas de rockstars ou qualquer outra merda que seu cérebro comprou da indústria musical. Sem exigências megalomânicas, nem seguranças ou calçada da fama. Deve ser por isso que eu gostei tanto de The Story Of Anvil (2009), dirigido por Sacha Gervasi - que, antes de se tornar um nome respeitado em Hollywood e ter seu nome nos créditos de filmes estrelados por gente como Tom Hanks, foi roadie da banda em seus primeiros anos.
São quase 90 minutos ao redor da dupla Lips (guitarra/vocal) e Rob Reinner (bateria), juntos desde os 14 anos, quando prometeram tocar para sempre o tipo de música que gostam. São 30 anos de banda; mas não só isso, são 30 anos de integridade, sem se vender e sem desistir por comentários desfavoráveis de gralhas auto intituladas críticos, produtores e executivos. Uma sequência que resume bem isso é quando os dois protagonistas vão até o prédio da EMI canadense, na esperança de encontrar alguém que lance o 13º disco do Anvil. Um engravatado resume: "são novos tempos, e o segredo é se encaixar dentro do que está acontecendo". Obviamente a reunião termina sem um contrato.
Entretanto, isso não faz a menor diferença. O Anvil não é uma banda do mundo encantado da música, é uma banda do mundo real, e isso transmite mais credibilidade do que qualquer viadinho empunhando uma guitarra e ostentando um moecano fashion. Lips e Reinner estão na faixa dos 50 anos, são pessoas de verdade e não apenas mais um bando de gazelas de 20 e poucos, mimadas e adoradas como nova salvação da música enquanto seus 15 minutos durarem.
Nada de jatinhos, nada de cachês milionários - inclusive, Lips ameça esmurrar a cara de um dono de uma casa de show em Praga quando este ameaça não lhe pagar um tostão. Nenhum público é pequeno demais, nem os cinco sujeitos em um show em Londres. Lips é motorista de um buffet infantil e Reinner trabalha na construção civil, além de ser um pintor amador. Mais uma vez, o documentário ganha por mostrar gente de verdade, ao invés de mitificar algum debilóide como é feito na maiora das vezes. Isso pega o espectador de jeito, pela honestidade, pela simplicidade e pelo descompromisso e a leveza de ser quem é, ao invés de bancar o rockstar intocável.
Enquanto bandas covers exalam arrogância insuportável, o Anvil em seus 30 anos não tem compromisso com status e fama; apenas com o compromisso de tocar o som que curtem. Assistam!
PS: dia 27 deste mês o Anvil toca em São Paulo, pela primeira vez. Imperdível!
http://www.youtube.com/watch?v=vkFStVl1B-4

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

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comi todos os diamantes
perdi um rim
pedras saem do meu pinto
testículos azuis de Júpiter
Netuno tem um rabo vermelho
uma bexiga humana de plástico no supermercado
um coração de metal no parque
melancias atômicas dos meus sonhos
explodindo nas junções

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Flores secas sob o Sol
O suicida está silencioso
O vento sopra
O burro zurra

Hamilton Fernandes / Ian Milne
2011 - fevereiro