sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A todos que comem lixo com uma finesse aristocrática. Os melhores artigos de predação popular estão no corredor da direita. Não tem erro, vocês verão pela genuinidade da dor exposta na vitrine.

Nobres glutões; devoram todo o brilho do mundo e o reconstroem à sua imagem e semelhança quando defecam. Conheço sua fisiologia, sua derme pútrida não suporta longa exposição à realidade.

Sei que a elite de sua corporação de repressão não perdoaria um toque libidinoso desprovido de joguetes e fins comerciais. Seria banido sob pena de reclusão mental, a base de inibidores químicos.

Na última semana um indigente foi levado para uma autópsia recreativa da jovem elite intelectual. Não conseguiram disfarçar o espanto, mesmo com os manuais de etiqueta, quando descobriram 20 moedas de ouro ao abrirem o coração daquela carniça anônima.

Como abutres políticos, tentaram regulamentar a exploração em nível fisiológico do vulgo. Evidentemente não compreenderam quando ao abrirem o segundo coração desprovido de nome encontram um jardim de bonsais.

Sob que ciência se legitimava essa anomalia? Seria ilegal guardar tesouros escondidos no coração, sem a devida taxação? Por deus, a que tipo de corrupção as classes baixas podem chegar?

Logo, haverá tributação sobre todo refúgio belo e particular revestido por 21 gramas de músculo. Os sacerdotes dirão que é pecado ostentar beleza não previamente aprovada por censores morais.

A única perspectiva permitida é a do olhar condicionado. Qualquer outra será prontamente repreendida com a desintegração em nível mental, como requer todo ato de subversão que abale a harmonia do mundo.

A lei do meio termo é sempre o guia vigente para qualquer problema. Branco não é permitido. Preto não é permitido. Cinza é a única cor possível; cinza é tudo o que deve ser sentido; cinza é a cor de Deus.