sábado, 20 de agosto de 2011

Vou provar pra você que é possível comer lixo e fazer arte. Que você pode queimar os livros da estante, beber um litro de vodka e vomitar do vigésimo andar. Que é melhor ser samambaia que poeta. Mínima dos ovários: 13ºC. Máxima: -130ºC.

Vou provar pra você que é possível cagar na porta do paraíso E que não há nenhuma metafísica nisso.

Existe um inferno no microondas. Existe um som que perfura o hímen e o tímpano.

Se lembra da nossa salada de ratos? Do nosso filho que não veio ao mundo? Sabe, o que me entristece é perceber que espirro igualzinho ao meu pai – o mesmo som, a mesma quantidade de muco lançada à mesma distância.

Já disse que às vezes sinto gosto de apocalipse na boca? Já disse que me dissolvo em manhãs frias?

Em 1996 eu fumava maconha no topo dos prédios E amaldiçoava todos os helicópteros lá de cima.

Onde começa e termina o desespero? Quantas eternidades?

A relação tempo-espaço é uma brincadeira de mau gosto. O tempo não vai curar essa ressaca.

Enfim, A chuva ácida dos sonhos...

Hamilton Fernandes agosto/2011

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Qualquer semelhança com fatos ou pessoas reais é mera provocação


Gazeta Pueril – dezembro de algum ano.

Artista performática underground rouba cena em festival

Em mais um ano de existência, o festival Avant Garde SWO, foi palco de uma grande surpresa na tarde de ontem. A expectativa inicial era a apresentação da banda paulista Franjinhas do Bem, de indieemopostrock. Entretanto, não foi o palco principal o que mais brilhou, sendo a tenda dos artistas undergrounds a ladra dos holofotes. Lá, por volta das 15h, a até então desconhecida e inexpressiva Nazaré de Jesus, apresentou um show sinestésico , e em pouco mais de 50 minutos angariou uma verdadeira multidão, atraída pela excentricidade do que acontecia na tenda. Estima-se que 75% do público daquele dia do festival tenha se aglomerado para ver a grande revelação da programação.

Um misto de música, artes cênicas, plásticas, coreografia e literatura fisgou a grande maioria do público. Paula Pirandelli, estudante de publicidade, assistiu toda a apresentação e afirma que possui um novo ídolo. “Foi algo único, o jeito como ela se movia e recitava aquelas palavras deixou todo mundo de queixo caído. Eu tinha ido até a tenda menor para ver a exibição de um curta de um amigo e resolvi o show seguinte, e para mim foi o melhor que vi até agora”. Para o redator Tiago Orno, a mensagem que ela passou é exatamente o que a juventude buscava no festival. “Foi incrível como ela traduziu em arte aquilo tudo que a nossa geração tinha de carência. As imagens e as cores mostraram um novo elo de ligação sustentável entre nós e o planeta. Me senti parte de algo maior”.

Ainda não é confirmado, mas rumores indicam que a gravadora Banner Wros já estaria sondando a artista, com um contrato prevendo gravação de álbuns, DVDs e patrocínio de apresentações. Nazaré de Jesus deixou o local do show logo após a performance e quando procurada não retornou ao contato da Gazeta Pueril.



Portal Galerinha Jovem e Descolada – maio de algum ano + 1

Nazaré de Jesus: a porta voz da nova geração.

Cáso Hic

Desde aquela histórica apresentação no segundo dia do Avant Garde SWO, a artista Nazaré de Jesus se tornou o estandarte não só dos jovens, mas de todos os que desejam mais poesia em suas vidas. Acostumada com pequenos pubs e espaços alternativos para suas performances, agora o novo baluarte da cultura brasileira está experimentando a atmosfera de grandes teatros, mega stores e até mesmo estádios. E a aprovação do público é instantânea, com lotação máxima em todas as datas. Como aconteceu esta noite no estádio Pacaembú. Mais de 300 mil pessoas se amontoaram para assistir o que tem sido chamado, por público e crítica, como a nova aliança entre artes e vida.

Segundo o crítico de arte Gerard George, o fato da performance de Nazaré ocupar até mesmo sua vida fora do palco rendeu a ela uma unanimidade entre os adolescentes e jovens adultos. “(Ela)é sem dúvida um novo arquétipo da arte. E o fato dessa verdadeira vanguardista ser brasileira nos deixa atônitos de orgulho. Em suas declarações e postura fora dos palcos, fica claro que a mensagem na sua produção não é restrita ao espaço lúdico de uma exposição. Ela vestiu os anseios do ultrapostmega modernismo, e isso faz com que o seu público - considere-me dentro desse grupo - a veja como uma divindade”.

O ponto alto do show foi a multiplicação holográfica de espécies de fauna e flora em extinção, com uma reprodução da Capela Cistina ao fundo, e acompanhada pelo grande hit musical da artista, Bem Aventurado Sejam os Mortos.

PS: A saga de Nazaré de Jesus no circuito mainstream continua no próximo post...