sábado, 20 de agosto de 2011

Vou provar pra você que é possível comer lixo e fazer arte. Que você pode queimar os livros da estante, beber um litro de vodka e vomitar do vigésimo andar. Que é melhor ser samambaia que poeta. Mínima dos ovários: 13ºC. Máxima: -130ºC.

Vou provar pra você que é possível cagar na porta do paraíso E que não há nenhuma metafísica nisso.

Existe um inferno no microondas. Existe um som que perfura o hímen e o tímpano.

Se lembra da nossa salada de ratos? Do nosso filho que não veio ao mundo? Sabe, o que me entristece é perceber que espirro igualzinho ao meu pai – o mesmo som, a mesma quantidade de muco lançada à mesma distância.

Já disse que às vezes sinto gosto de apocalipse na boca? Já disse que me dissolvo em manhãs frias?

Em 1996 eu fumava maconha no topo dos prédios E amaldiçoava todos os helicópteros lá de cima.

Onde começa e termina o desespero? Quantas eternidades?

A relação tempo-espaço é uma brincadeira de mau gosto. O tempo não vai curar essa ressaca.

Enfim, A chuva ácida dos sonhos...

Hamilton Fernandes agosto/2011

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