Vou provar pra você que é possível comer lixo e fazer arte. Que você pode queimar os livros da estante, beber um litro de vodka e vomitar do vigésimo andar. Que é melhor ser samambaia que poeta. Mínima dos ovários: 13ºC. Máxima: -130ºC.
Vou provar pra você que é possível cagar na porta do paraíso E que não há nenhuma metafísica nisso.
Existe um inferno no microondas. Existe um som que perfura o hímen e o tímpano.
Se lembra da nossa salada de ratos? Do nosso filho que não veio ao mundo? Sabe, o que me entristece é perceber que espirro igualzinho ao meu pai – o mesmo som, a mesma quantidade de muco lançada à mesma distância.
Já disse que às vezes sinto gosto de apocalipse na boca? Já disse que me dissolvo em manhãs frias?
Em 1996 eu fumava maconha no topo dos prédios E amaldiçoava todos os helicópteros lá de cima.
Onde começa e termina o desespero? Quantas eternidades?
A relação tempo-espaço é uma brincadeira de mau gosto. O tempo não vai curar essa ressaca.
Enfim, A chuva ácida dos sonhos...
Hamilton Fernandes agosto/2011
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