quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

The Anvil was Forged In Fire





O documentário começa com pompa: Lars Ulrich (Metallica), Scoot Ian (Anthrax) e ninguém menos que Lemmy (na boa, se você não sabe onde o Lemmy toca pode parar de ler essa merda agora) rasgam elogios ao Anvil, um dos grandes expoentes do heavy metal na década de 80. Dizem o quanto o Anvil era bom, inovador e absurdamente pesado na época, e como influenciou quase tudo que se fez sob o nome metal de lá para cá. E a pompa acaba por aí, nada mais de utopia do showbizz, vidas de rockstars ou qualquer outra merda que seu cérebro comprou da indústria musical. Sem exigências megalomânicas, nem seguranças ou calçada da fama. Deve ser por isso que eu gostei tanto de The Story Of Anvil (2009), dirigido por Sacha Gervasi - que, antes de se tornar um nome respeitado em Hollywood e ter seu nome nos créditos de filmes estrelados por gente como Tom Hanks, foi roadie da banda em seus primeiros anos.
São quase 90 minutos ao redor da dupla Lips (guitarra/vocal) e Rob Reinner (bateria), juntos desde os 14 anos, quando prometeram tocar para sempre o tipo de música que gostam. São 30 anos de banda; mas não só isso, são 30 anos de integridade, sem se vender e sem desistir por comentários desfavoráveis de gralhas auto intituladas críticos, produtores e executivos. Uma sequência que resume bem isso é quando os dois protagonistas vão até o prédio da EMI canadense, na esperança de encontrar alguém que lance o 13º disco do Anvil. Um engravatado resume: "são novos tempos, e o segredo é se encaixar dentro do que está acontecendo". Obviamente a reunião termina sem um contrato.
Entretanto, isso não faz a menor diferença. O Anvil não é uma banda do mundo encantado da música, é uma banda do mundo real, e isso transmite mais credibilidade do que qualquer viadinho empunhando uma guitarra e ostentando um moecano fashion. Lips e Reinner estão na faixa dos 50 anos, são pessoas de verdade e não apenas mais um bando de gazelas de 20 e poucos, mimadas e adoradas como nova salvação da música enquanto seus 15 minutos durarem.
Nada de jatinhos, nada de cachês milionários - inclusive, Lips ameça esmurrar a cara de um dono de uma casa de show em Praga quando este ameaça não lhe pagar um tostão. Nenhum público é pequeno demais, nem os cinco sujeitos em um show em Londres. Lips é motorista de um buffet infantil e Reinner trabalha na construção civil, além de ser um pintor amador. Mais uma vez, o documentário ganha por mostrar gente de verdade, ao invés de mitificar algum debilóide como é feito na maiora das vezes. Isso pega o espectador de jeito, pela honestidade, pela simplicidade e pelo descompromisso e a leveza de ser quem é, ao invés de bancar o rockstar intocável.
Enquanto bandas covers exalam arrogância insuportável, o Anvil em seus 30 anos não tem compromisso com status e fama; apenas com o compromisso de tocar o som que curtem. Assistam!
PS: dia 27 deste mês o Anvil toca em São Paulo, pela primeira vez. Imperdível!
http://www.youtube.com/watch?v=vkFStVl1B-4

Um comentário:

Aninháh disse...

bi***, eu não conheço o Anvil, mas eu sei onde o Lemmy toca... heheheh Adorei o post e me interessei em ver o doc. Bom show pra vc! Bacio