segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Lembranças da última noite de insônia

Esses ruídos noturnos. O silêncio da lâmpada solitária não esconde o ranger das tábuas do chão, o balanço da porta pelo vento furtivo. E no saltar sereno das linhas de um livro, esses ruídos noturnos parecem anteceder o estrondo iminente.

A leitura é descontinuada. Os olhos se fixam no vazio e forçam os ouvidos a absorverem o menor dos vestígios. Um novo ruído e o coração dispara. A mente se põe a fabricar hipóteses que em outra ocasião pareceriam inverossímeis.

O dia encobre os ruídos suspeitos. Encolhem-se sob os barulhos facilmente identificáveis. Mas a noite cessa a memória auditiva. E esse universo de pequenas existências sonoras passa a povoar as noites de insônia daqueles que não têm na audição o melhor de seus sentidos.

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