terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Cabeça de Aquário

Roubaram meus rins enquanto a Máquina engolia as cores do céu & inundava as ruas com metal radioativo petróleo & cânceres multicoloridos controlados por anfíbios demoníacos cujas excreções são substâncias altamente tóxicas capazes de gerar uma grande confusão mental & o indivíduo percebe que a “assim chamada realidade” é um fragmento artificial do sonho elétrico dos deuses hermafroditas que comandam todos os seres através de ordens telepáticas transmitidas de algum lugar da galáxia M 81.

Eu limpo a sujeira do coração com graxa saliva ácido porque tudo aqui está prestes a explodir em uma só direção um só destino uma só salvação em apenas um metro de dor de uma lei criada para enganar os pássaros colossais da imaginação durante a madrugada azul de estrelas vermelhas & mendigos embriagados pelo mundo dos destilados sobrenaturais que desaparecem & reaparecem a todo o instante.

O tempo passa como uma fotografia de olhos femininos sob a luz da estrela artificial criada pela Microsoft enquanto novas crateras surgem na mente dos inaladores das substâncias nocivas do verbo construtor de livros invisíveis da religião das árvores semelhantes a hipopótamos em depressão pós-parto-pós-moderna dos zoológicos industriais produtores de carne vegetal azul rica em coliformes astrais mamíferos aquáticos & desorientação urbana.

Selvagens carbonizam bicicletas em praça pública enquanto policiais fumam maconha & discutem sobre a temperatura na superfície de Vênus sem a consciência de que zero & infinito podem ser a mesma coisa um anátema que perturba a geração de seres humanos acéfalos há mais de cinco séculos jovianos contabilizados em supercomputadores paranóicos.

O silêncio técnico da meditação arromba as fronteiras das nove dimensões resultantes da colisão entre um rinoceronte e um míssil de diamante encontrado a cinco mil metros de profundidade no principal lago de metano de Titã em uma região onde se pode sonhar com laranjas zebras & cirurgias dentárias sem nenhum sentimento de culpa ou solidão.

Libélulas e águas-vivas desmaiam sob o efeito de barbitúricos produzidos pela indústria farmacêutica da nova era controlada por tubarões & polvos de terno e gravata que proibiram todos os sonhos eróticos com nossas mães & irmãs & vaginas horizontais & todas as infinitas mutações do Oriente.

Louva-a-deuses mastigam cabeças humanas no escritório & aniquilam o pensamento absurdo de que dois mais dois é igual a quatro & 57 bilhões de palavras de uma língua desconhecida & hieróglifos pornográficos foram grafitados nas ruínas da civilização que um dia pensou ser invencível & todos estamos dormindo dormindo dormindo enquanto ela desperta com a vagina molhada.

Uma tesoura enterrada no coração ou nas vértebras provoca a deliciosa sensação de nascer em pleno século vinte um quando nossos publicitários militares desenvolveram a arte do controle mental através de imagens televisuais que propagam a eterna masturbação e escondem em nossos intestinos a secreta vontade de destruição total.

Atalhos na vastidão permitem girafas & girassóis enferrujados na bela concepção de um cálculo de nossa elevação espiritual ou o grito do monstro que dorme no interior do pâncreas & aguarda aguarda aguarda até que começa a comer carne humana indiscriminadamente simbolizando a esperança o êxtase a metafísica que porra é essa diriam nossos tataravôs em suas cadeiras de balanço rangendo suas dentaduras irritantes.

FoTo e TeXto: Hamilton Fernandes

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