quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cadáver Esquisito




Por Hamilton Fernandes e Helio Hideki



O desespero azul de um terminal vazio

O abismo que o recém-nascido desconhece – e também eu


O desabamento do céu da gengiva

Corrimentos vaginais na calçada


Que me importa o formato de seus pelos púbicos, se

Eu posso rasgar o aço com minhas próprias mãos


Os livros e os bons filmes e os dias de céu limpo e

as vaginas sedentas por

sexo não me confortam


Um mundo imundo – um cérebro-intestino


Os ônibus carregando os trabalhadores de volta para casa,

[os bebês dormindo, bajulados,

[vivendo, esquecendo, esquecendo...


O Universo foi calculado errado...



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Pedaços de ilusão – um buraco sem fim

O câncer corrói as entranhas do velho decrépito, que geme, sozinho,

A aritmética do lixo, das formigas carnívoras

Pra rabuda que passa, sou menos que nada

E uma vagina no umbigo e na testa


Além das nuvens, Júpiter, Saturno, os marcianos

Esperando uma resposta sem sentido


Resignado, o homem-cão fecha os olhos diante do choque

inevitável – a verdade, a libertação


Porque as drogas da farmácia não podem curar a dor...


Embriagado, as luzes de néon confundem-me e

Ainda não inventaram um deus para sua solidão.




Poemas escritos a partir da (anti-)técnica dadá-surrealista Cadavre exquis

(Agradecimentos especiais à Cervejaria Krill por fabricar cervejas tão vagabundas e baratas...)



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