terça-feira, 19 de fevereiro de 2008


"Existe um bar incomum, ele não fica em nenhuma esquina,
Não tão urbano que possa ser facilmente achado,
e nem tão bucólico que se possa perdê-lo,
Os dias passam devagar debaixo de um sol escaldante,
E quando cai a noite, a sub vida se espalha com a escuridão,
iluminada pelo escárnio do luar,
Garotas de belezas sem gosto desfilam por todo o lugar,
com seus dentes amarelados e suas roupas remendadas,
Os garçons estão lá a tempo suficiente de terem batizados todos com o pior destilado,
A banda toca sua fanfarra, cuja origem já faz parte de um folclore obscuro,
Os risos diante do porre do velho Pedro,
avisam a todos que é chegado o ápice da madrugada,
João é alvo da queda da maioria das garotas,
com seus belos olhos azuis que refletem a melancolia,
O lugar é pequeno, mas sempre atrai a mesma multidão,
que se conforta na falta de espessuras de suas almas,
Era uma noite fria quando do lado de fora, e eu ajudava o velho Pedro,
quando pela estrada passou caminhando uma garota,
seu cabelo ardia como fogo sua pele tinha o frescor do gelo,
Roubei a vida dos meus sonhos,
e nela guiamos em direção aos prédios distantes,
e ao sol preso por detrás deles,
Comecei a viver dias do limiar onírico,
Desafiei a e felicidade e senti que a tinha sobrepujado,
Caminhava sobe as pegadas de uma outra pessoa e ria poeticamente disso,
Até o dia em que não vi mais meu tesouro usurpado refletido no espelho,
Ela fora embora e o levou consigo dentro do seu coração,
Baqueado caminhei pelas ruas,
E três metros após a esquina do hotel, o velho Pedro embriagado me saúda,
“Quem bom que não se demorou a voltar meu jovem”,
enquanto suas mãos me estapeavam as costas,
Entrei no Bar que não fica em nenhuma esquina,
e todos ainda estavam lá, hipnotizados pela ancestral fanfarra,
Entretanto agora me sentia claustrofóbico,
a cerveja insípida de outrora, agora se mostrava amarga como nunca,
minhas noites não podem mais ser preenchidas com a decadente e repetitiva boemia,
meus sonhos não me perdoam por eu os ter afanado,
E agora sei que mais do que nunca, que a desolada terra estrada de terra,
a frente do Bar que não fica em nenhuma esquina,
guardará meu esquecido corpo da minha inútil vida,
esperando a garota com os meus sonhos distantes voltar."

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